Vão dizer que é típico, mas você não deve comer baleias na Islândia

Por Daniel Courtouke

Jornalista formado e jogador de futebol frustrado, Daniel Courtouke dá seus pitacos e dicas no Viagem 0800 sobre as viagens que fez. Como bom pão duro que é, procura sempre mostrar os atalhos mais econômicos das viagens que faz.

No Viagem 0800, já mostramos o quão fã da Islândia somos no post com os 10 motivos pra visitar o país. E se você se inspirou e pretende fazer uma visita, é preciso conhecer um pouco mais sobre o tema baleias.

Ao andar por lá, é muito comum topar com algum restaurante que tenha o mamífero no menu.

Na Islândia, existe uma cota que permite que um certo número de baleias seja caçado por ano. A carne é uma especiaria que ficou muito popular entre os turistas, porque teoricamente faria parte da culinária tradicional do povo local.

Acontece que, na verdade, somente 1% da população come baleia com alguma frequência nos dias de hoje – e 1% dos islandeses corresponde a pouco mais de 3 mil pessoas. Isso faz com que a maioria das baleias seja consumida por turistas.

Calda de baleia batendo na água

Foto: Elding

A carne de baleia se popularizou por lá no começo do século 20 porque as pessoas viram nela uma versão mais em conta de carne vermelha que poderia ser preparada mais ou menos como um bife comum. Na real elas não queriam comer baleia, queriam carne de gado, mas não tinham grana.

Então quer dizer que o turista come algo que não se come mais por lá por achar que está experimentando uma refeição tradicional do país? -Isso mesmo! Não faz sentido. Certo?

Pois é. E ainda tem gente que se aproveita disso, como é o caso de muitos restaurantes locais que promovem esses menus caríssimos com a desculpa de estarem oferecendo algo que representa a cultura e a culinária local.

Como você já deve ter percebido, esse tema gera muita controvérsia por lá. Uma ONG local, a Ice Whale, faz um trabalho bem bacana para promover o turismo nacional por meio de passeios para ver as baleias em alto-mar ao mesmo tempo em que luta para preservá-las.

baleias Minke passando em frente aos turistas

Foto: Elding

Foi justamente fazendo esse passeio em Reikjavik – Whale Watching – que ficamos sabendo dessa história de que comer baleia não é algo típico dos islandeses. A gente conversou com o pessoal do Ice Whale para tentar entender um pouco mais desse rolo.

Primeiro, existem dois tipos de baleia que são caçadas por lá, as Minke e as Fin. O casi das baleias Fin, que estão ameaçadas de extinção – é o mais famoso fora da Islândia, apesar de não envolver o consumo por parte dos turistas. A empresa Hvalur caça as baleias longe da costa e a carne é exportada para o Japão, o que, de acordo com alguns países, vai contra as regulamentações do acordo CITES, que é uma convenção internacional para assegurar que o comércio de espécies em extinção não ameace sua sobrevivência.

Já as baleias Minke não estão ameaçadas de extinção e, por isso, recebem menos atenção internacional. Além disso, elas são bem menores do que as outras.

Basicamente, o que ocorre com elas é o seguinte: as baleias são caçadas na costa de Faxaflói – pertinho de Reikjavik –  e a carne é consumida principalmente por turistas.

O curioso disso tudo é que o negócio nem chega a ser rentável, tanto é que o dono da empresa de caça chegou a admitir publicamente que não teria condições de manter as atividades por muito tempo caso fosse obrigado a ir mais longe da costa para caçar.

Banner contra a caça de baleias

Divulgação / Ice Whale

Para tentar lutar contra a caça às baleias e manter o turismo na Islândia uma prática sustentável – que diga-se de passagem combina muito bem com um país com atrações naturais de tirar o fôlego – todas as empresas que fazem passeios de observação de baleias e estão filiadas à Ice Whale fazem questão de abordar o assunto nos passeios e esclarecer os turistas, além de apoiar a campanha Meet Us Don`t Eat Us (que em português seria algo como “Nos conheça, não nos coma”) e também a Whale Friendly Restaurants.

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